quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Cristianismo Sofreu Influência do Mitraísmo?

Por Norman Geisler, Th.D; Ph.D.


Alguns críticos contemporâneos do cristianismo argumentam que essa religião não é baseada na revelação divina, mas foi emprestada das religiões de mistério, tais como o mitraísmo. O autor mulçumano Yousuf Saleem Chishti atribui doutrinas como a divindadde de Cristo e a expiação a ensinamentos pagãos dos pais da igreja.

Teoria de fonte pagã, Chishti tenta demonstrar a vasta influência das religiões de mistério sobre o cristianismo:

“A doutrina cristã da expiação foi altamente influenciada pelas religiões de mistério, principalmente o mitraísmo, que tinha seu filho de deus e mãe Virgem, crucificação e ressurreição após expiação dos pecados da humanidade e, finalmente, sua ascensão ao sétimo céu.”

Ele acrencenta:

“Quem estudar os ensinamentos do mitraísmo juntamente com os do cristianismo, certamente se surpreenderá com a afinidade que é visível entre eles, tanto que muitos críticos são obrigados a concluir que o cristianismo é o fac-símile ou a segunda edição do mitraísmo (Chishti, p.87)”.

Hishit descreve algumas semelhanças entre cristo e Mitra: Mitra foi considerado o filho de Deus, foi um salvador e nasceu de uma virgem, teve doze discípulos, foi crucificado, ressucitou dos mortos no terceiro dia, expiou os pecados da humanidade e voltou para o seu pai no céu (ibid.,87-8).


Avaliação Apologética Cristã:

Uma leitura honesta do NT demonstra que Paulo não ensinou uma nova religião nem baseou-se em mitologia existente. As pedras fundamentais do cristianismo são tiradas claramente do judaísmo em geral e da vida de um personagem histórico chamado Jesus.

Jesus é a origem da religião de Paulo. Um estudo cuidadoso das epístolas e dos evangelhos revela que a fonte dos ensinamentos de Paulo sobre a salvação era o AT e os ensinamentos de Jesus. Uma comparação simples dos ensinamentos de Jesus e Paulo demonstrará isso.

Ambos ensinaram que o cristianismo cumpria o judaísmo. Paulo, como Jesus, ensinou que o cristianismo era um cumprimento do judaísmo. Jesus declarou: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mt 5.17). A lei e os Profetas profetizaram até João. Desse tempo em diante estão sendo pregadas as boas novas do Reino de Deus, e todos tentam forçar sua entrada nele. É mais fácil os céus e a terra desaparecerem do que cair da lei o menor traço (Lc.16.16,17).

O cristianismo de Paulo e de Jesus é bom conhecedor do judaísmo e está completamente alheio às seitas de mistério. Paulo escreveu aos romanos: “Porque o fim da lei é cristo, para a justificação de todo o que crê” (Rm 10.4). Ele acrescentou aos colossenses: “Ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou á celebração das luas novas ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo” (Cl 2.16,17).

O cristianismo ensinou que os seres humanos são pecadores. tanto Paulo quanto Jesus ensinaram que os seres humanos são pecadores.Jesus declarou: “Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados” (Mc 3.28).Ele acrescentou em João: “ Eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados.se vocês não crerem que eu Sou (aquele que afirmo ser), de fato morrerão em seus pecados” (Jo 8.24).

Paulo declarou que todos os seres humanos são pecadores, insistindo em que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23).Ele acrescentou em Efésios: “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados” (Ef.2.1).Na verdade, parte da própria definição do evangelho era que “Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras” (1 Co 15.3).

O cristianismo ensinou que a expiação de sangue era necessária.Tanto Jesus como Paulo insistiram em que o sangue derramado de Cristo era necessário como expiação pelos nossos pecados. Jesus proclamou: “Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45).

Ele acrescentou na Última Ceia: “Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados” (Mt 26.28).

Paulo também é enfático. Afirmou que em Cristo “temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de caordo com as riquezas da graça de Deus” (Ef.1:7).

Em Romanos, acrescentou: “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (5.8).Referindo-se à páscoa do AT., ele disse: “Cristo nosso Cordeiro pascal foi sacrificado” (1 Co 5.7).

O cristianismo enfatizou a ressurreição de Cristo. Jesus e Paulo também ensinaram que a morte e o sepultamento de Jesus foram completados por sua ressurreição corporal . Jesus disse: “está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar ao terceiro dia” (Lc 24.46).Jesus fez um desafio:”Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias (...)Mas o templo do qual ele falava era o seu corpo”( Jô 2.19,21).

Depois de ressuscitado dos mortos, seus discípulos lembraram-se do que ele disse. Então creram nas escrituras e nas palavras que Jesus havia dito (Jo 2.22;cf. 20.25-29).

O apóstolo Paulo também enfatizou a necessidade da ressurreição para a salvação.Aos romanos ele escreveu: “Ele (Jesus) foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação”( Rm 4.25). Na verdade, Paulo insistiu que a crença na ressurreição era essencial para a salvação, ao escrever: “Se você confessar com a sua boca que Jesus Cristo é senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, será salvo” (Rm 10.9).

O cristianismo ensinou que a salvação é pela graça mediante a fé. Jesus afirmou que todas as pessoas precisam da graça de Deus. Os discípulos de Jesus lhe disseram: “Neste caso, quem pode ser salvo?”.

Jesus olhou para eles e respondeu: “para o homem é impossível, mas para Deus, todas as coisas são possíveis" (Mt 19.25,26). Em todo o evangelho de João Jesus apresentou apenas uma maneira de obter a salvação graciosa de Deus: “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (3.36; v.3.16;5.24;Mc 1.15).

Paulo ensinou a salvação pela graça mediante a fé, afirmando: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9; v. Tt 3. 5-7). Ele acrescentou aos romanos: “Todavia, àquele que não trabalha mas confia em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça” (4.5).

Uma comparação dos ensinamentos de Jesus e Paulo sobre salvação revela claramente que não há base para especular sobre qualquer fonte dos ensinamentos de Paulo além dos ensinamentos de Jesus.


O cristianismo baseou-se no judaísmo e não no mitraísmo.

Na realidade, a mensagem de Paulo acerca do evangelho foi examinada e aprovada pelos apóstolos originais (Gl 1 e 2 ), demonstrando o reconhecimento oficial de que a sua mensagem não se opunha á de Jesus.

A acusação de que Paulo corrompeu a mensagem original de Jesus foi respondida a muito tempo por J. Gresham Machen na sua obra clássica A origem da religião de Paulo e por F. F. Bruce em Paulo e Jesus.

Origem do Trindade: A doutrina cristã da Trindade não tem origem pagã. As religiões pagãs eram POLITEÍSTAS e PANTEÍSTAS , mas os trinitários são monoteístas. Os trinitários não são TRITEÍSTAS que acreditam em três deuses separados; eles são monoteístas que acreditam num deus manifesto em três pessoas distintas.

Embora o termo Trindade ou sua fórmula específica não apareçam na Bíblia, ele expressa fielmente todos os dados bíblicos. Uma compreensão precisa do desenvolvimento histórico e teológico dessa doutrina ilustra de forma ampla que foi exatamente por causa dos perigos do paganismo que o Concílio de Nicéia formulou a doutrina ortodoxa da Trindade. Pra um tratamento breve da história dessa doutrina, v. E. Calvin Beisner, (Deus em três pessoas).Dois clássicos nessa área são G.L. Prestige (Deus no pensamento patrístico) e J.N.D. Kelly, Doutrinas centrais da fá cristã.

Mitraísmo e cristianismo. Com base nisso é evidente que o cristianismo se originou do judaísmo e dos ensinamentos de Jesus. É igualmente evidente que ele não se originou do mitraísmo.As descrições de Chishti dessa religião são infundadas.Na verdade ele não dá referência para as semelhanças que alega. Ao contrário do cristianismo, o mitraísmo é baseado em mitos.Ronald Nash, autor de O cristianismo e o mundo Helenístico, escreve:

O que sabemos com certeza é que o mitraísmo, tal como seus competidores entre as religiões de mistérios, tinha um mito básico.Mitra supostamente nasceu quando emergiu de uma rocha; estava carregando uma faca e uma tocha e usando um chapéu frígio.Lutou primeiro contra o Sol e depois contra um touro primevo, considerado o primeiro ato da criação.Mitra matou o touro, que então se tornou a base da vida para a raça humana (Nash, p.144).

O cristianismo afirma a morte física e ressurreição corporal de Cristo.O mitraísmo, como outras religiões pagãs, não tem ressurreição corporal.O autor grego Ésquilo resume a visão grega: “Quando a terra tiver bebido o sangue de um homem, depois de morto, não há ressurreição”.Ele usa a mesma palavra grega para ressurreição , anastasis , que Paulo usa em 1 Coríntios 15 (Ésquilo, Eumenides, p.647). Nash observa:

Alegações da dependência cristã primitiva do mitraísmo foram rejeitadas por várias razões.O mitraísmo não tem conceito da morte e ressurreição de seu deus nem lugar para qualquer conceito de renascimento – pelo menos durante seus primeiros estágios(...) Durante os primeiros estágios da seita, a idéia de renascimento seria estranha à sua visão básica (...) Além diso, o mitraísmo era basicamente uma seita militar. Portanto é preciso ser cético com relação à sugestões de que tenha atraído civis como primeiros cristãos.

O mitraísmo floresceu depois do cristianismo, não antes, logo o cristianismo não poderia ter copiado o mitraísmo.a cronologia está totalmente errada, e por isso não há como o mitraísmo possa ter influenciado o desenvolvimento do cristianismo do século


Mitraísmo - encerrando o caso.

Conclusão Todas as alegações de dependência cristã para com as religiões gnósticas e de mistério foram rejeitadas por especialistas em estudos bíblicos e clássicos.O caráter histórico do cristianismo e a data antiga dos documentos do NT não oferecem tempo suficiente para desenvolvimentos mitológicos.E há uma falta absoluta de evidência antiga para apoiar tais idéias.o teólogo britânico Norman Anderson explica:

“A diferença básica entre o cristianismo e as religiões de mistério é a base histórica de um e o caráter mitológico das outras.as divindades das religiões de mistério eram apenas “figuras nebulosas de um passado imaginário”, enquanto o cristo que o kerigma apostólico proclamou que viveu e morreu poucos anos antes dos primeiros documentos do NT serem escritos.Mesmo quando o apóstolo Paulo escreveu sua primeira carta aos Coríntios, a maioria das cerca de quinhentas testemunhas da ressurreição ainda estava viva. (Anderson, p. 52-3).


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Fonte: Encliclopédia de Apologética
E também em: www.apologiadocristianismo.blogspot.com/

Arcebispo de Cantuária Escreve Sobre as Decisões da Igreja Episcopal (dos EUA)






O Serviço de Notícias da Comunhão Anglicana (ACNS) divulgou, em 28.07.2009, o documento denominado “Comunhão, Pacto e o Nosso Futuro Anglicano”, com 26 parágrafos, e o subtítulo: “Reflexões sobre a Convenção Geral da Igreja Episcopal, de 2009, pelo Arcebispo de Cantuária para os Bispos, Clérigos e Fiéis da Comunhão Anglicana”.



No texto, o Arcebispo de Cantuária faz referência às Resoluções dos episcopais norte-americanos de aprovar a Ordenação de clérigos homossexuais praticantes às três Ordens (Diáconos, Presbíteros e Bispos) e de autorizar a redação de ritos para a união de pessoas do mesmo sexo. Embora aquela Convenção Geral tenha reiterado o seu desejo de permanecer no interior da Comunhão Anglicana, e que as referidas resoluções eram apenas “descritivas” e não “normativas”, o fato é que já havia antes uma forte tensão entre a Província dos EUA e as demais Províncias, e que, mesmo com essas ressalvas, o fato é que essas tensões apenas se agravaram. Para Rowan Williams, os episcopais norte-americanos não podem ignorar, em uma perspectiva ecumênica, o conjunto da Cristandade, e, muito menos, o conjunto da Comunhão Anglicana, e que essa pertença não pode se dar com uma autonomia absoluta de cada Província, mas sob o princípio da mutualidade.



O Arcebispo de Cantuária diz que o que está em jogo não é uma questão de direitos civis, ou da dignidade da pessoa dos homossexuais, ou a sua inclusão na Igreja, mas a ruptura com a herança apostólica e o consenso dos fiéis em termos de não se aceitar alguma equivalência das uniões homoeróticas ao casamento, e, muito menos, a adoção desse estilo de vida para os lideres ordenados.



Rowan Williams reconhece a gravidade da situação, e as tendências à descentralização ou ao centralismo, e que ele espera que as Províncias subscrevam o Pacto Anglicano, mas, se algumas não o fizerem, o que poderia acontecer? Provavelmente uma profunda alteração na natureza dessa Comunhão, com um novo modelo, de “dois trilhos”, ou “duas expressões”: os que subscreverem e os que não subscreverem o Pacto, com níveis diferentes de relacionamento entre si, o que leva a inquietação sobre a possível conflitividade entre ambos os grupos.



Em suma: o Arcebispo de Cantuária reconhece que a Igreja Episcopal (dos EUA) é responsável pela atual crise, que há um ensino histórico adotado pela Comunhão Anglicana sobre a Sexualidade Humana, que a questão central não é de direitos civis, dignidade ou membresia, mas de ruptura com essa crença e com os que continuam a assim crer, que isso vai afetar o futuro do desenho institucional da Comunhão, e que, a partir da assinatura ou não do Pacto, vamos conviver (e como?) com duas expressões de Anglicanismo.



Fonte: Anglican Communion News Service