sábado, 2 de agosto de 2008

A televisão da fé


Por Lidianne Andrade
(Jornalista)

Não sabe- se como nem o porquê, mas a televisão dominou o mundo. A imprensa encontrou na televisão sua melhor forma de expressão: informação mais rápida atrelada aos recursos sonoro e visual ganhou tal força que é quase impossível imaginar a noticia apenas em papel. Quem foi esperto aproveitou a novidade e entrou no meio da era televisiva. Compra, venda, aluguel, entretenimento... e religião? Pois é, a religião é um segmento cultural e a televisão tem democracia, com espaço para todos. Tem Gugu, Faustão, cinema, teatro, informação e... pastor, padre, buda, bispo e exorcista. Sim, exorcismo diário através da TV, lá pela madrugada para não assustar as crianças.

A informação anda rápido, o mundo gira mais rápido do que parece. A cada 24 horas o mundo inteiro dá uma volta, e ele, desse tamanhão! Quem dirá um aparelho tão pequeno que pode ser carregado nas mãos? Esse muda a cada dia, e mais rápido impossível. As pessoas mudam, a tecnologia evolui e, por conseqüência, os valores se readaptam. Estes mudam tanto que há alguns anos tinha pastor dizendo que a “televisão era o demônio, é proibido ter uma em casa”. Dogma da igreja não ver TV em casa. Mas a modernidade fala mais alto e, quem diria, agora tem igreja dona de emissora de TV.

Manipulação ou modernidade? Para muitos estudiosos de comunicação, a televisão, quando mal utilizada no envio da mensagem, pode sim manipular um homem a comprar o que ele que não precisa, ir a lugares sem gosta ou vestir o que não quer. Por que não seria diferente com as emissoras religiosas? Cultos transmitidos ao vivo são diferentes de programas de auditório? No conteúdo, uns respondem. E na formatação?

Dizer que os programas religiosos transmitidos pelas emissoras de TV são diferentes dos “outros” é um grande equívoco cometido pela maioria. Afinal, são câmeras que gravam e não altares, são jornalistas escrevendo os textos e não pastores e convergem para o mesmo ponto: o telespectador. As mesmas teorias usadas para fazer um telejornal a nível nacional como o Jornal Nacional, transmitido diariamente pela Rede Globo e tão acusado de manipulação são usadas em canais como a Rede Aleluia. Repetição de imagens, excesso de cores no visual, falar na primeira pessoa, entrevistas com testemunhos reais e apelos por textos emotivos são algumas das técnicas mais usadas para manipulação da informação.

Não há porque perder a fé em programas bem intencionados e colocar em xeque a veracidade de toda a transmissão de canais religiosos. Mas vale lembrar que, no final, todos estão sendo produzidos com o mesmo fim: atingir a um telespectador em casa, sentado e zapeando em seu controle em busca de um entretenimento. Apenas lembrar do quanto é importante não condenar um, sem analisar os outros. No fim, o leque fica aberto e cada um escolhe o que assistir.

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