A palavra apologia quer dizer defesa. No sentido religioso,
mais especificamente cristão, seria defender a fé.
Como o termo "fé" é muito vago, muitos tem dado a
ela os mais variados sentidos: defender o depósito de fé que foi dado aos
santos (no entendimento católico romano as
verdades escriturísticas bem como a "sagrada tradição"), a
doutrina basilar da justificação pela fé (a tradição reformada faz dessa
doutrina a pedra de toque do cristianismo ortodoxo), a crença no batismo no (ou
com) Espírito Santo (os pentecostais não colocam esse ponto como necessário a
salvação, porém combatem veementemente quem afirma que essa não seria uma
"segunda obra da graça"). Aqui não discutiremos nenhum desses pontos,
pelo menos de forma prioritária. Há uma infinidade de sites, blogs e
comunidades que tratam dessas temáticas (para vantagem nossa, diga-se de
passagem). O que pretendemos aqui é abordar um tema sem o qual nenhum outro
faria o menor sentido, sem o qual a própria religião perderia a razão de ser, e
o cristianismo seria qualquer coisa menos uma proposta de reconciliação, pelo
simples motivo de que não haveria nada com o que nos reconciliar. A proposta
aqui é, na falta de outro termo melhor, "demonstrar a existência de
Deus".
Não é um tema modesto. Não pretendo também descobrir novas
verdades. Na verdade, humildemente confesso que só posso abordar um tema dessa
envergadura por que outros já o fizeram no passado. Homens que nos deixaram um
legado de fé no ser supremo que influenciaram gerações e que nos
ajudam a enunciar de forma racional o que acreditamos.
Independente de nossas peculiaridades acredito realmente que
o que está em jogo hoje não é a crença em particular, mas a fé em geral, não o
ato de crer, já que não há quem possa duvidar dessa verdade insofismável: a de
que o ser humano pode crer. O que está em jogo é a validade do ato de fé, não
só no seu aspecto psicológico e gnosiológico (a fé seria uma ilusão, Deus não
passaria de uma projeção da mente, logo, suas afirmações não se sustentariam a
uma análise racional, contudo seria um lenitivo e uma forma do homem expressar
seus desejos mais profundos), mas no social, inclusive. Os atuais negadores de
Deus estão concentrando esforços para criar um clima totalmente desfavorável a
prática da religião, haja vista o teor dos livros que essas pessoas tem escrito
nos últimos anos. O estado ideal seria não só laico, mas desprovido
de qualquer manifestação religiosa. Gostaria de debater esse assunto, e saber
onde o cristianismo poderia ser afetado por essa onda ateística que varre não
só o mundo acadêmico, mas as pessoas da rua. E ainda, o que nós como igreja
podemos fazer para minimizar as baixas e alcançar tantas
pessoas perturbadas e sem esperança, deixando de lado questões
menores, conscientes, claro, de que há aqui todo um contexto escatológico.
Nos próximos tópicos iremos tentar mostrar alguns postulados
bíblicos da fé no criador. Em seguida pretendemos mostrar opiniões
de filósofos a respeito de Deus (tópicos especiais serão dedicados a
Santo Anselmo e suas provas da existência de Deus e a Santo Tomás de Aquino e
suas cinco vias de acesso a Deus). Contamos com a colaboração de todos, sejam
com opiniões, críticas e sugestões. Intercedam por esse projeto.
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