domingo, 8 de janeiro de 2012

Na Rússia comemora-se o Natal de Cristo


Os ortodoxos crentes da Rússia comemoraram uma das mais importantes festas do ano eclesiástico – o triunfo do Natal de Cristo. As igrejas ortodoxas da Rússia, Sérvia, Geórgia e de Jerusalém, assim como a igreja do Santo Monte de Athos festejam o nascimento do Deus-Menino de acordo com o calendário antigo, – o calendário Juliano, – na noite de 6 para 7 de janeiro, isto é, duas semanas mais tarde do que os adeptos do ramo ocidental do cristianismo. O arcipreste Serguei Zvonariov, representante do Patriarcado de Moscou, está convencido de que isso encerra um sentido sacro especial.



A Igreja Ortodoxa Russa continua fiel ao Calendário Juliano, pois a igreja antiga e os primeiros cristãos utilizaram durante muitos séculos precisamente este calendário. Esta vida eclesiástica entrelaçava-se de forma mais estreita com as tradições eclesiásticas e com o próprio espírito de festejo de diversos eventos solenes da Igreja Russa. Por isso, para a nossa igreja é muito importante preservar as tradições do Calendário Juliano, pois outrora era precisamente este o calendário de todo o mundo civilizado.



A festa de Natal, esperada com impaciência tanto por adultos, como por crianças, é precedida por chamado sochelnik, isto é, Véspera do Natal. É tempo de jejum especial e de orações, – prossegue o sacerdote ortodoxo.



A palavra russa sochelnik vem de sochivo, – isto é, prato ritual feito de grãos cozidos de trigo ou de arroz. Via de regra, este prato é feito nos dias de recordação dos mártires ou cristãos falecidos. O fato de que o sochivo é servido na véspera do Natal é perfeitamente natural, pois o Cristo nasceu e chegou a esta terra para morrer na cruz, sofrendo tormentos e suplícios e para salvar desta maneira o gênero humano do pecado da maldição e da morte. E este prato especial faz lembrar a todos os cristãos o que é que o Cristo-Deus tinha feito na Terra.



É habito decorar nos dias de Natal a casa com ramos de abeto e fazer numerosos pratos gostosos, pois o longo jejum eclesiástico termina juntamente com a festa de vinda do Deus-Homem à luz. A propósito, a mesa de Natal é decorada de uma maneira especial. Debaixo da toalha de mesa põe-se um pouco de feno ou de palha – é uma recordação da manjedoura do pequeno Jesus.



Quanto ao próprio Natal, os crentes preferem festejá-lo nos templos. O Patriarca de Moscou e de toda a Rússia Kirill celebrou na noite de 6 para 7 de janeiro a missa festiva na catedral principal do país – o templo do Cristo Salvador, em Moscou. Como é de praxe, a esta missa assistiram milhares de pessoas.



Na Rússia, onde a ortodoxia cristã tem o maior número de adeptos, o Natal é comemorado habitualmente num ambiente familiar e tranqüilo, no lar. Em compensação, a seguir vem uma época de divertimentos alegres, uma parte da qual corresponde a férias de Natal. Uma lenda antiga reza que a partir do momento em que a Estrela de Belém, – o prenúncio do nascimento do menino Jesus, – brilhou sobre o mundo, começa a época de dias santos, chamados “sviatki”. Na Rússia Antiga os crentes não somente vestiam nestes dias trajes mais incomuns e visitavam um a outro, mas também pensavam em desejos para o futuro e praticavam ritos mágicos e adivinhações. Algumas destas tradições chegaram aos nossos dias. Mas a Igreja Russa adverte tradicionalmente que um ortodoxo não deve entregar-se à alegria demasiada nos dias de “sviatki” e praticar os cultos pagãos. “Sviatki” são, em primeiro lugar, uma época de boas ações e de vida cristã, – diz o padre Serguei.



Existem numerosas tradições populares de interpretação desta festa. Por exemplo, está viva até hoje a tradição de glorificar o Crista no contexto dos festejos do Natal, existem hinos do Natal. São ritos que nós apoiamos, pois eles revelam o sentido da festa. Todas as demais tradições, existentes no seio do povo, não têm nada a ver com o cristianismo e estão arraigadas no paganismo. Os crentes devem renunciar a estas tradições. Os crentes devem dedicar os “Sviatki”, isto é, Dias Santos, a orações, à santidade e a boas ações.



O sacerdote ortodoxo assevera que para tornar a época de Sviatki realmente santa é preciso adotar uma atitude realmente cristã em relação a todos os necessitados e desafortunados e o cuidar não somente dos parentes e próximos mas também de pessoas desconhecidas. O padre fez lembrar que a época de “Sviatki” prolonga-se por doze dias, até a festa do Batismo do Cristo, que a Igreja Russa comemora a 19 de janeiro.

Fonte: Voz da Russia


Nenhum comentário: