No Domingo de Ramos, comemoramos a entrada triunfal de Jesus, o Cristo, em Jerusalém. Nesse dia, relembramos, em nossa tradição Anglicana, todo o simbolismo herdado pela história da Igreja e sua relevância para a história atual do povo de Deus na Liturgia e no significado de cada representação.
Na entrada de Jesus em Jerusalém, temos o cumprimento das Promessas do Antigo Testamento, destaco:
A Profecia do Ato Messiânico: “Alegra-te muito ó filha de Sião; exulta ó filha de Jerusalém; o teu rei vem a ti; ele é justo e traz a Salvação; Ele é humilde e vem montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta” (Zacarias 9:9).
Notamos a similaridade com o texto de Mateus 21:5-11. E aqui encontramos toda a confirmação do povo na comemoração. Podemos observar que “As multidões, tanto as que iam adiante Dele como os que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”.
Não há como negar a participação ativa da massa popular de Jerusalém nesse evento tão importante da cristandade. Nesse evento, participa o povo da Velha Aliança, com a afirmação que era verdadeiramente o Filho de Davi que estava em cena. Estava ali aquele que é enviado de Deus para tirar o pecado do mundo é que era digno de ser aclamado para “Salvar agora” (Hosana).
Questiono-me, então, como o cenário pode mudar tão rápido. Já no capítulo 27, está registrado: “Então o governador perguntou: Qual desses dois quereis que eu vos solte? Eles disseram: Barrabás... que farei então de Jesus, chamado o Cristo?Todos disseram: Que seja crucificado. Pilatos, porém, disse: Mas que mal ele fez? Eles, contudo, gritavam ainda mais: Que seja crucificado!”.
Que mudança de cenário! O mesmo povo que gritava: “Hosana!”, gritou: “Crucifica-o!”. A mudança é radical. É evidente que dentro do estudo da onisciência de Deus e de Seu perfeito plano para a crucificação, observamos a mão dos Fariseus dentro do contexto. Mas, isso não nega a traição dos Judeus. Segundo John Stott, em seu livro A Cruz de Cristo, Jesus foi traído pelos Judeus, por Judas, por Pilatos e por nós; isso para não mencionar os discípulos, que não ficaram para ver a cena. Ou então, negaram.
Percebo que, hoje, não é diferente. Por vezes, nós pregamos um Jesus dentro da Igreja e negamos Seu nome fora. Não são poucas as vezes que nos esquecemos de nosso compromisso com a santidade e viramos as costas para Ele. Cada vez que esqueço a obra redentora de Cristo, me comporto como esse povo. Digo: Hosana, depois, crucifico Ele em meus pecados. Quando não atendo a um pobre, quando não prego o evangelho autêntico, quando não amo meus inimigos, quando não atendo as viúvas, quando não deixo que o Espírito me domine, quando permito que a carne tome conta de meus conceitos. Quando não adoro ao Senhor de todo o coração, quando não dizimo fielmente, quando não percebo falhas e confesso minhas omissões, quando não tomo nenhuma atitude que declara que minha vida pertence a Ele. Quando não adoro a Deus com meus estudos e o honro com meu pensar.
Na Bíblia, a Palavra de Deus, encontramos respostas para um tempo sem muita ênfase bíblica, mesmo nas Igrejas. E gostaria de compartilhar três lições sobre como não trair Jesus, baseado em Mateus 21:12:22.
Valorizar a Comunidade (v.13)
- “...minha casa será chamada casa de oração”.
- É cumprimento da profecia em Is 56:7.
- Oração é nada mais, nada menos, que comunicação com Deus.
- Na comunidade: Falamos com Deus e ouvimos a Deus, ministramos aos irmãos e somos ministrados.
Incomodar a oposição (v.15)
- “...os principais sacerdotes e os escribas indignaram-se”.
- Tudo o que é contrário ao reino de Deus se constrange. Ou influenciamos, ou somos influenciados no mundo de hoje.
- Cristo curava (v.14) precisamos curar nosso ambiente através de Seu poder.
Ter aumento de Fé (v.21)
- “...se tiverdes fé e não duvidardes...”.
- A Fé é o que move tudo, é o sobrenatural que move a vida. Não convêm apenas as razões lógicas, vivemos por fé. A melhor explicação.
- É impossível agradar a Deus sem fé (Hb 11).
Acredito que nesse tempo difícil de relatividade, devemos nos aprofundar no estudo nas Sagradas Escrituras, para que possamos encontrar respostas e soluções para tais problemas relacionados à vida cristã e a construção social.
Desejo que sempre possamos permitir que o amor de Deus encha nosso coração através de Seu espírito, e que entendamos que Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos continuar do Seu lado, transformando o mundo.
(*) Elton Roney Carvalho é membro da Diocese do Recife, aluno do Seminário Anglicano Teológico – SAT-PB; participa ativamente do Arcediagado Paraíba.