quarta-feira, 29 de abril de 2009

COMO NÃO TRAIR JESUS?

“Eles contudo gritavam: Que seja crucificado!”
Mateus 27:23


Sem. Elton Roney Carvalho (*)




No Domingo de Ramos, comemoramos a entrada triunfal de Jesus, o Cristo, em Jerusalém. Nesse dia, relembramos, em nossa tradição Anglicana, todo o simbolismo herdado pela história da Igreja e sua relevância para a história atual do povo de Deus na Liturgia e no significado de cada representação.


Na entrada de Jesus em Jerusalém, temos o cumprimento das Promessas do Antigo Testamento, destaco:


A Profecia do Ato Messiânico: “Alegra-te muito ó filha de Sião; exulta ó filha de Jerusalém; o teu rei vem a ti; ele é justo e traz a Salvação; Ele é humilde e vem montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta” (Zacarias 9:9).


Notamos a similaridade com o texto de Mateus 21:5-11. E aqui encontramos toda a confirmação do povo na comemoração. Podemos observar que “As multidões, tanto as que iam adiante Dele como os que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”.


Não há como negar a participação ativa da massa popular de Jerusalém nesse evento tão importante da cristandade. Nesse evento, participa o povo da Velha Aliança, com a afirmação que era verdadeiramente o Filho de Davi que estava em cena. Estava ali aquele que é enviado de Deus para tirar o pecado do mundo é que era digno de ser aclamado para “Salvar agora” (Hosana).


Questiono-me, então, como o cenário pode mudar tão rápido. Já no capítulo 27, está registrado: “Então o governador perguntou: Qual desses dois quereis que eu vos solte? Eles disseram: Barrabás... que farei então de Jesus, chamado o Cristo?Todos disseram: Que seja crucificado. Pilatos, porém, disse: Mas que mal ele fez? Eles, contudo, gritavam ainda mais: Que seja crucificado!”.


Que mudança de cenário! O mesmo povo que gritava: “Hosana!”, gritou: “Crucifica-o!”. A mudança é radical. É evidente que dentro do estudo da onisciência de Deus e de Seu perfeito plano para a crucificação, observamos a mão dos Fariseus dentro do contexto. Mas, isso não nega a traição dos Judeus. Segundo John Stott, em seu livro A Cruz de Cristo, Jesus foi traído pelos Judeus, por Judas, por Pilatos e por nós; isso para não mencionar os discípulos, que não ficaram para ver a cena. Ou então, negaram.


Percebo que, hoje, não é diferente. Por vezes, nós pregamos um Jesus dentro da Igreja e negamos Seu nome fora. Não são poucas as vezes que nos esquecemos de nosso compromisso com a santidade e viramos as costas para Ele. Cada vez que esqueço a obra redentora de Cristo, me comporto como esse povo. Digo: Hosana, depois, crucifico Ele em meus pecados. Quando não atendo a um pobre, quando não prego o evangelho autêntico, quando não amo meus inimigos, quando não atendo as viúvas, quando não deixo que o Espírito me domine, quando permito que a carne tome conta de meus conceitos. Quando não adoro ao Senhor de todo o coração, quando não dizimo fielmente, quando não percebo falhas e confesso minhas omissões, quando não tomo nenhuma atitude que declara que minha vida pertence a Ele. Quando não adoro a Deus com meus estudos e o honro com meu pensar.


Na Bíblia, a Palavra de Deus, encontramos respostas para um tempo sem muita ênfase bíblica, mesmo nas Igrejas. E gostaria de compartilhar três lições sobre como não trair Jesus, baseado em Mateus 21:12:22.


Valorizar a Comunidade (v.13)
- “...minha casa será chamada casa de oração”.

- É cumprimento da profecia em Is 56:7.

- Oração é nada mais, nada menos, que comunicação com Deus.

- Na comunidade: Falamos com Deus e ouvimos a Deus, ministramos aos irmãos e somos ministrados.


Incomodar a oposição (v.15)
- “...os principais sacerdotes e os escribas indignaram-se”.

- Tudo o que é contrário ao reino de Deus se constrange. Ou influenciamos, ou somos influenciados no mundo de hoje.

- Cristo curava (v.14) precisamos curar nosso ambiente através de Seu poder.


Ter aumento de Fé (v.21)
- “...se tiverdes fé e não duvidardes...”.

- A Fé é o que move tudo, é o sobrenatural que move a vida. Não convêm apenas as razões lógicas, vivemos por fé. A melhor explicação.

- É impossível agradar a Deus sem fé (Hb 11).


Acredito que nesse tempo difícil de relatividade, devemos nos aprofundar no estudo nas Sagradas Escrituras, para que possamos encontrar respostas e soluções para tais problemas relacionados à vida cristã e a construção social.


Desejo que sempre possamos permitir que o amor de Deus encha nosso coração através de Seu espírito, e que entendamos que Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos continuar do Seu lado, transformando o mundo.




(*) Elton Roney Carvalho é membro da Diocese do Recife, aluno do Seminário Anglicano Teológico – SAT-PB; participa ativamente do Arcediagado Paraíba.

2 comentários:

Que Ele cresça e eu diminua disse...

Amigo, Deus te abençoe por este texto. Fico feliz em acompanhar alguns blogs por aqui.

Tenho a certeza de que isso vem se repetindo ao longo dos anos. Na hora da aflição e da dor, quantos não negam a Jesus? Ninguém quer pegar a cruz com Ele.

O sacrifício está ligado a nossa vida todos os dias. Sacrificamos para servir a Deus, pois vamos contra o mundo, tomamos a nossa cruz, negamos a nós mesmos. Nossas vontades devem estar em último lugar e, em primeiro, a vontade de Deus. Ora, somos tentados em todo o tempo e nosso adversário anda ao nosso derredor como um leão que ruge, pronto para nos devorar!

Que luta!

Pense comigo, será que todos tem essa consciência? A grande maioria nem sabe do que a gente está falando, não entendem seu texto, nem os meus, estão na igreja por serem religiosos, pensam que andam com Jesus, mas não sabem o que é tomar a cruz de Cristo. Leem a Bíblia, mas não entendem. Infelizmente, essa é a grande verdade, o espírito farisaico tem tomado conta das igrejas e muitos se formam em teologia para ficar sentado no púpito e não fazem nada pelo povo,não oram, não jejuam, nunca estão disponíveis e tudo , quando é feito,é feito com muita má vontade.

Foi só um desabafo irmão. Muito bom seu texto. Deus te abençoe.

É uma luta irmão, mas vamos atrás das pessoas sofridas, senão a gente perde a linha com esses fariseus modernos.

Guilherme Parizio disse...

É Paulo. Mas confesso que já andei um pouco cansado e sem paciência (ia perdendo a linha, como vc se expressou).

Mas dou graças a Deus pois sua graça não tem nos faltado (Ele sabe o quanto dela sou nescessitado).

Conhecer pessoas como vc é um alento e um refrigério para mim. Minha alma se alegra com comentários tão edificantes e encorajadores como esse.

Obg pela força e continue nos visitando.