sábado, 30 de janeiro de 2010

Rainha Elizabeth Descontente Com Medida do Papa


A Rainha Elizabeth II, Governadora Suprema da Igreja da Inglaterra (não da Comunhão Anglicana) e Defensora da Fé, descontente e preocupada, enviou, em novembro passado, o ocupante do mais alto cargo do seu estafe, o Lord Chamberlain (Lord Peers) para um discreto encontro com o líder da Igreja Romana na Inglaterra e Gales, o Arcebispo de Westminster Dom Vincent Nichols, visando esclarecimentos sobre a Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, que cria Ordinariatos (quase-dioceses) para anglicanos “convertidos” ao romanismo. Pelo protocolo, quem deveria ter tido essa conversa deveria ser o Arcebispo de Cantuária Rowan Williams.

A Rainha deverá receber o Papa no Palácio Balmoral ou no Palácio Halyroad, na Escócia (onde a Igreja oficial é a Presbiteriana e não a Anglicana) quando da próxima visita do Bispo de Roma ao Reino Unido. Elizabeth II segue uma espiritualidade anglicana de Igreja Baixa, e sente que, em razão do juramento prestado quando de sua coroação, é seu dever solene preservar a identidade protestante da Igreja da Inglaterra, e tem demonstrado o seu desacordo com as bênçãos sobre uniões entre pessoas do mesmo sexo, a ordenação de clérigos homossexuais ou a designação de bispas mulheres.

Fonte: Damian Thompson, editor do Telegraph Media Group in anglican-mainstream.net

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Packer Defende Mais Catequese


O Teólogo Anglicano, o Rev. Dr. J.I. Packer, afirmou a importância de recuperar uma catequese que seja capaz de instruir sistematicamente os Cristãos nos fundamentos da nossa fé para que, assim, possamos responder os desafios contemporâneos em uma sociedade cada vez mais pagã.

Estas declarações formavam parte de uma palestra realizada na Catedral de São Mateus em Dallas, em 9 de janeiro passado. Ele também falou que anseia
ver este retorno a catequese, “baseada nas Escrituras, Centrada em Cristo, declarativa em grande estilo”, sobretudo considerando que “o sistema de
valores cristãos esta praticamente desaparecendo das escolas”.

“Estamos voltando ao paganismo, esta é a simples verdade”, falou Dr. Packer, o segundo orador na Série de Palestras “James M. Stanton”.

“Seguir aprendendo é parte do chamado da Igreja”, falou. “Precisa ser falado em todas as igrejas todo o tempo”.

Dr. Packer, 83, está terminando de escrever um livro sobre catequeses. Comentou que é “ridículo pensar que não temos nada mais para aprender na
fé, uma vez termos sido confirmados”.

Redescobrir a ênfase tradicional na instrução cuidadosa e ao longo da vida da fé Cristã “será totalmente uma grande experiência na caminhada”, comentou. “Devemos desafiar as tendências dominantes na nossa cultura, e não vai ser fácil”.

Por este motivo, é importante que não sigamos esperando: “é uma questão de tempo até que a infecção atual do secularismo espalhe seus tentáculos no
resto do mundo”.

Dr. Packer falou que uma iniciativa de recuperar a catequese precisa parece ser o formato do “método da sala de aula ou questões e respostas”, que foi desenvolvido na Reforma e consagrado do Livro de Oração Comum. Um método atual é o curso Alfa, que tem um jantar, novas relações de amizade, uma apresentação breve e uma discussão dos conteúdos em pequenos grupos, falou o Dr. Packer.

“Assim podemos chegar mais longe, mais rapidamente”, comentou, que simplesmente um sistema fixo de perguntas e respostas.

Ensinar o catecismo deveria ser um projeto contínuo e regular para as igrejas, Dr. Packer falou. Também comentou quais seriam tópicos importantes, como a autoridade das Escrituras, a realidade de Deus, a santidade da Lei de Deus, a centralidade de Jesus Cristo, a graça da salvação, o poder do Espírito Santo, e a importância da oração comum a Deus.

Dr. Packer insta os Cristãos a “orar pelo seu clero, ficar atrás deles enquanto procuram ajustar” as congregações as necessidades de intensificar os fundamentos das essências Cristãs. “Cada presbítero da paróquia deveria ser, entre outras coisas, um catequista”, disse ele.

“Estou fazendo uma chamada na vida da maioria, se não todas, as Igrejas Anglicanas”, Dr. Packer falou. Na seguinte palestra: “Conhecendo a Deus” –
o título do seu livro mais conhecido, ele enfatizou a urgência da adoração Cristã, que chamou de “ensaio para o céu”.

“Deus vem primeiro, e adoração deveria ser primeiro também”, falou Dr. Packer, que sacudiu um dedo retórico nos seus companheiros evangélicos por
“não tomar mais seriamente a adoração”, enquanto estão envolvidos em “fazer as coisas de Deus”.

“Dou graças a Deus pela sabedoria que continua firme em vários locais”, Dr. Packer falou, fazendo uma homenagem à diocese do Bispo Stanton.

Inglaterra – Projeto Discriminatório Sofre Derrota na Câmara dos Lordes


O projeto de iniciativa do governo trabalhista do primeiro-ministro Gordon Brown, denominado de Lei da Igualdade, teve um dos seus artigos principais amplamente derrotado na votação na Câmara dos Lordes (ainda será votado na Câmara dos Comuns), respaldado por um abaixo assinado de 33.000 cidadãos britânicos. Pelo substitutivo aprovado, igrejas e organizações religiosas continuarão a exercer o direito de estabelecer critérios morais na formação dos seus quadros e na contratação do seu pessoal. Pelo projeto do governo a Igreja Romana e o Judaísmo, o Islã e algumas denominações protestantes não poderiam vetar mulheres para Ministras Ordenadas, nem vetar homossexuais, prostitutas, ou viciados em drogas (p.ex.) para seus funcionários. O projeto pretende que todos sejam contratados por critérios meramente técnicos, e qualquer exigência moral seria considerada discriminação e crime.

As organizações religiosas se sentiram momentaneamente aliviadas, mas não se sabe o que os Comuns ou o Gabinete fará em seguida. As creches católicas romanas estão fechando as suas portas diante da exigência legal para que os bebês sejam entregues para adoção, também para casais homossexuais. Essas leis são expressão da ideologia secularista adotada pelo governo inglês, que vai em uma escalada ascendente de interferência na sociedade civil.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Brasil Terá Escola Para Gays


Em 2010 será inaugurada em Campinas, SP, a primeira instituição educacional voltada para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTT), colocando o homossexualismo no currículo. O projeto, com verba governamental federal e estadual, tem o apoio da ONG gay E-Jovem. Além da visibilidade à cultura gay, a Escola Jovem LGBTTT pretende ajudar jovens a se aceitar. Pretende divulgar a “cultura gay” e atacar os “setores retrógrados e fundamentalistas da sociedade”.

Os alunos deverão ser homossexuais de 12 a 20 anos, se aceitando heterossexuais e de outras faixas etárias em havendo vagas. Bolsas serão oferecidas para os de fora de Campinas. Estarão disponíveis, dentre os cursos, a maioria na área das artes, um em “formação de drag queens". A matéria não informa se reconhecido pelo MEC.

Fonte: Diário de Pernambuco, 24.01.2010

sábado, 16 de janeiro de 2010

Ação contra crucifixos mostra intolerância


Por William Douglas

Veja esta notícia publicada no Portal IG: “(…) em atenção à queixa de um cidadão, que se sentiu discriminado pela presença de um crucifixo no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão entrou com uma ação civil pública para obrigar a União a retirar todos os símbolos religiosos ostentados em locais de atendimento ao público no Estado. A ação, com pedido de liminar, visa garantir a total separação entre religião e poder público, característica de um Estado laico, ainda que de maioria cristã, como o Brasil. ‘Minha ação restringe-se aos ambientes de atendimento ao público. Nada contra o funcionário público ter uma imagem de santo, por exemplo, sobre a sua mesa de trabalho’. Católico praticante (‘comungo e confesso’, diz Dias, 38 anos, o Procurador responsável pela ação. Uma decisão favorável no TRF-SP certamente levará o assunto a outras instâncias. O único precedente que existe é negativo. Em junho de 2007, o Conselho Nacional de Justiça indeferiu o pedido de retirada de símbolos religiosos de todas as dependências do Judiciário. Na ação pública, Dias lembra que, além de estarmos em um Estado laico, a administração pública deve zelar pelo atendimento aos princípios da impessoalidade, da moralidade e da imparcialidade, ou seja, garantir que todos sejam tratados de forma igualitária. O procurador entende, nesse sentido, que um símbolo religioso no local de atendimento público é mais que um objeto de decoração, mas pode ser sinal de predisposição a uma determinada fé. “Quando o Estado ostenta um símbolo religioso de uma determinada religião em uma repartição pública, está discriminando todas as demais ou mesmo quem não tem religião, afrontando o que diz a Constituição’.” (04/08 - 16:29 - Mauricio Stycer, repórter especial do IG).

O tema vem sendo cada vez mais discutido e, ao meu ver, está sendo objeto de uma interpretação equivocada por aqueles que desejam a retirada dos símbolos religiosos. O Estado é laico, isso é o óbvio, mas a laicidade não se expressa na eliminação dos símbolos religiosos, e sim na tolerância aos mesmos.

A resposta estatal ao cidadão queixoso, mencionado acima, não deveria ser uma ação civil pública, mas uma simples orientação, no sentido de que o país ter uma formação histórica-cultural cristã explica que haja na parede um crucifixo e que tal presença não importa em discriminação alguma. Ao contrário, o pensamento deletério e a ser combatido é a intolerância religiosa, que se expressa quando alguém desrespeita ou se incomoda com a opção e o sentimento religioso alheios, o que inclui querer eliminar os símbolos religiosos.

Ao contrário do que entende o ilustre Procurador mencionado, a medida não se limitará aos ambientes de atendimento ao público. O próximo passo será proibir também os símbolos na mesa de trabalho, seja porque o ambiente pertence ao serviço público, seja porque em tese poderia ofender algum colega que visualizasse o símbolo. No final, como se prenuncia no poema “No caminho, com Maiakóvski”, o culto e devoção terão que ser feitos em sigilo, sempre sob a ameaça de que alguém poderá se ofender com a religião do próximo. Nesse passo, eu, protestante e avesso às imagens (é notório o debate entre protestantes e católicos a respeito das imagens esculpidas de santos), tive a ocasião de ver uma funcionária da Vara Federal onde sou titular colocar sobre sua mesa uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida. A minha formação religiosa e jurídica, onde ressalto a predileção, magistério e cotidiano afeito ao Direito Constitucional, me levou a ver tal ato com respeito, vez que cada um escolhe sua linha religiosa. A imagem não me ofendeu, mas sim me alegrou por viver em um país onde há liberdade de culto. Igualmente, quando vejo o crucifixo com uma imagem de Jesus não me ofendo por (segundo minha linha religiosa) haver ali um ídolo, mas compreendo que em um país com maioria e história católica aquela imagem é natural. O crucifixo nas cortes, independentemente de haver uma religião que surgiu do crucificado, é uma salutar advertência sobre a responsabilidade dos tribunais, sobre os erros judiciários e sobre os riscos de os magistrados atenderem aos poderosos mais do que à Justiça.

Vale dizer que se a medida for ser levada a sério, deveríamos também extinguir todos os feriados religiosos, mudar o nome de milhares de ruas e municípios e, ad reductio absurdum, demolir simbolos e imagens, a exemplo, que identificam muitas das cidades brasileiras, incluindo-se no cotidiano popular de homens e mulheres estratificados em variados segmentos religiosos. Ao meu sentir, as pessoas que tentam eliminar os símbolos religiosos têm, elas sim, dificuldade de entender e respeitar a diversidade religiosa. Então, valendo-se de uma interpretação parcial da laicidade do Estado, passam a querer eliminar todo e qualquer símbolo, e por consequência, manifestação de religiosidade. Isso sim é que é intolerância.

Embora cristão, as doutrinas católicas diferem em muitos pontos do que eu creio, mas se foram católicos que começaram este país, me parece mais que razoável respeitar que a influência de sua fé esteja cristalizada no país. Querer extrair tais símbolos não só afronta o direito dos católicos conviverem com o legado histórico que concederam a todos, como também a história de meu próprio país e, portanto, também minha. Em certo sentido, querer sustentar que o Estado é laico para retirar os santos e Cristos crucificados não deixaria de ser uma modalidade de oportunismo.

Todos se recordam do lamentável episódio em que um religioso mal formado chutou uma imagem de Nossa Senhora na televisão. Se é errado chutar a imagem da santa, não é menos agressivo querer retirar todos os símbolos. Não chutar a santa, mas valer-se do Estado para torná-la uma refugiada, uma proscrita, parece-me talvez até pior, pois tal viés ataca todos os símbolos de todas as religiões, menos uma. Sim, uma: a “não religião”, e é aqui que reside meu principal argumento contra a moda de se atacar a presença de símbolos religiosos em locais públicos.

A recusa à existência de Deus, a qualquer religião ou forma de culto a uma divindade não é uma opção neutra, mas transformou-se numa nova modalidade religiosa. Se por um lado temos um ateísmo como posição filosófica onde não se crê na(s) divindade(s), modernamente tem crescido uma vertente antiteísta. Para tentar definir melhor essa diferença, vale dizer que se discute se budistas e jainistas seriam ou não ateus, por não crerem em divindades além daquela representada pela própria pessoa ou grupo delas, no entanto jamais se discutiria se um budista é ou não antiteísta. É inegável reconhecer-se que esta nova vertente religiosa tem seus profetas, seus livros sagrados e dogmas. Como a maior parte das religiões, faz proselitismo, busca novos crentes (que nessa vertente de fé, são os “não crentes”, “not believers”, os que optam por um credo que crê que não existe Deus algum).

É conhecida a campanha feita pelos ateus nos ônibus de Londres. A British Humanista Association colocou o anúncio There’s probably no God. Now stop worrying and enjoy your life (“Provavelmente Deus não existe. Então, pare de se preocupar e aproveite sua vida”) nas laterais de ônibus britânicos, ao lado dos tradicionais anúncios religiosos. Repare-se que o “provavelmente” demonstra educação, senso político ou cortesia, e que nos cartazes nos ônibus todas as letras estavam em caixa alta, eliminando a discussão sobre se deveriam escrever Deus com “D” ou “d”. Mas nem todos os ateus são educados e cordatos, embora uma grande quantidade deles, grande maioria eu creio, o seja.

Assim como o Protestantismo foi uma reação aos que não estavam satisfeitos com o catolicismo romano, o antiteísmo, ou ateísmo militante, que vemos hoje, é uma reação dos que estão insatisfeitos com a religião. Interessante perceber que esta linha de ateus é intolerante e, como foi historicamente comum em todas as religiões iniciantes ou pouco amadurecidas, mostrou-se virulenta e desrespeitosa no ataque às demais. Esta nova religião, a “não religião”, ao invés de assumir o controle ou titularidade da representação divina, optou por entender que não existe Deus nenhum. Em certo sentido, ao eliminar a possibilidade de um ser superior, assumiu o homem como o ser superior. Aqui o homem que professa tal tipo de crença não é mais o representante de Deus, mas o próprio ser superior. Nesse passo, a nova religião tem outra penosa característica das religiões pouco amadurecidas, consistente na arrogância e prepotência de seus seguidores, apenas igualada pelo desprezo à capacidade intelectual dos que não seguem a mesma linha de pensamento.

Assim, enquanto existe um ateísmo que simplesmente não crê e que demonstra as razões disso em um ambiente de respeito e diversidade, vemos crescer também um outro ateísmo, agressivo, que não apenas não livrou o mundo dos males da religião, mas também passou a reprisá-los.

O principal profeta dessa religiosidade invertida (mas nem por isso deixando de ser uma manifestação religiosa) é Richard Dawkins, autor do livro “Deus, um Delírio”. Ele está envolvido, como qualquer profeta, na profusão de suas ideias, fazendo palestras e livros, concedendo entrevistas e fazendo suas “cruzadas”. A Campanha Out (em inglês: Out Campaign) é uma iniciativa proselitista em favor do ateísmo, tendo até mesmo um símbolo, o “A” escarlate. A campanha atualmente produz camisetas, jaquetas, adesivos, e broches vendidos pela loja online, e os fundos se destinam à Fundação Richard Dawkins para a Razão e a Ciência (RDFRS). Algo que não deixa de ser muito semelhante às campanhas financeiras típicas de outras manifestações de fé.

Como alguns profetas religiosos, Dawkins não poupa pessoas ilustres de credos concorrentes. Por exemplo, em seu livro, ele diz sobre Madre Teresa o seguinte: “(...) Como uma mulher com um juízo tão vesgo pode ser levada a sério sobre qualquer assunto, quanto mais ser considerada seriamente merecedora de um Premio Nobel? Qualquer um que fique tentado a ser engabelado pela hipócrita Madre Teresa (...)” (pág. 375).

Naturalmente, entendo que Dawkins e seus seguidores têm todo o direito de pensarem e professarem qualquer fé, mesmo que seja a fé na inexistência de Deus e nos malefícios da religião. Contudo, só porque não creem em um Deus ou vários dEles, não estão menos sujeitos aos valores, princípios e leis que, se não nos obrigam à fraternidade, ao menos nos impõem a respeitosa tolerância. Outra coisa que não se pode é identificar em qualquer Deus ou símbolo religioso um inimigo e se tentar cooptar a laicidade do Estado para proteger sua própria linha de pensamento sobre o assunto religião.

Ao meu ver, discutir os símbolos religiosos é mais fácil do que enfrentar a distribuição de renda, a fome, injustiça e a desigualdade social. Não nego a importância do assunto, mas acharia cômico se não fosse trágico que as pessoas se ofendam com uma cruz o bastante para acionar o Estado e não o façam diante de outras situações evidentemente mais prementes. Talvez mexer com os religiosos seja mais simples, divertido e seguro, mas certamente não demonstra uma capacidade superior de escolher prioridades. Portanto, parece conveniente lembrar que católicos, judeus, evangélicos, espíritas e muçulmanos, e bom número de ateus também, gastam suas energias ajudando aos necessitados. Tenho a esperança de que nas discussões haja mais coerência e menos “pirotecnia” e “perfumaria” de quem discute o sexo, digo, a existência dos anjos em vez de enfrentar os verdadeiros problemas de um país que, salvo raras e desonrosas exceções, é palco de feliz tolerância religiosa.

A eliminação dos símbolos religiosos atende aos desejos de uma vertente religiosa perfeitamente identificada, e o Estado não pode optar por uma religião em detrimento de outras. A solução correta para a hipótese é tolerar e conviver com as diversas manifestações religiosas. Assim, os carros poderão continuar a falar em Jesus, Buda, Maomé, Allan Kardec ou São Jorge sem que ninguém deva se ofender com isso. Ou, se isso ocorrer, que ao menos não receba o beneplácito de um Estado que optou por ficar equidistante das inúmeras, infinitamente inúmeras, formas de se pensar o tema . Não ter fé e não apreciar símbolos religiosos é apenas uma delas, respeitabilíssima, mas apenas uma delas.

Por fim, acaso fosse possível ser feita uma opção, não poderia ser pela visão da “minoria”, mas da “maioria”. Talvez essa afirmação choque o leitor. Dizer que se for para optar, que seja pela “maioria” choca, pois o conceito de “respeito às minorias” já está razoavelmente assimilado. Mas também deveria chocar a ditadura da minoria, a tirania dos que se transformam em vítimas ao invés de evoluírem o suficiente para ver nos símbolos religiosos não uma ofensa, mas um direito, e entender que os que já estão por aí, nas ruas, repartições e monumentos são apenas uma consequência da nossa longa formação histórica e cultural.

Em suma, espero que deixem este crucifixo, tão católico apostólico romano quanto é, exatamente onde ele está. Excluir símbolos é fazer o Estado optar por quem não crê. A laicidade aceita todas as religiões ao invés de persegui-las ou tentar reduzi-las a espaços privados, como se o espaço público fosse privilégio ou propriedade de quem se incomoda com a fé alheia. Eu, protestante e empedernidamente avesso às imagens esculpidas, as verei nas repartições públicas e saudarei aos católicos, que começaram tudo, à liberdade de culto e de religião, à formação histórica desse país e, mais que tudo, ao fato de viver num Estado laico, onde não sou obrigado a me curvar às imagens, mas jamais seria honesto (ou laico, ou cristão, ou jurídico) me incomodar com o fato de elas estarem ali.

William Douglas juiz federal, professor, escritor, mestre em Direito - UGF, Especialista em Políticas Públicas e Governo – EPPG/UFRJ.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ajuda Para o Haiti


Donativos Canalizados Via

Paróquia Anglicana do Espírito Santo

Diante da situação dramática porque passa o Haiti (um terço da população protestante, forte Igreja Anglicana) o Bispo Diocesano apela para que todas as nossas comunidades canalizem os seus donativos para a Paróquia Anglicana do Espírito Santo (PAES), em Jaboatão dos Guararapes, PE, que já está funcionando como centro de arrecadação.

Oremos e apoiemos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Zilda Arns A Morte de Uma Cristã


Guilherme Parizio


O terrível terremoto que atingiu o Haiti e a República Dominicana provocou o desaparecimento da figura admirável de Zilda Arns. Uma verdadeira cristã, empenhada na tarefa da caridade. Pessoa dotada de muitos dons, com o mais importante deles conseguiu levar conhecimento e salvar as vidas daqueles que mais esquecidos são pela sociedade e pelos governos. Sua voz calou-se nesse plano, mas, se Deus quiser, muitas outras influenciadas pela sua irão ser ouvidas nos rincões desse nosso país. Seu legado irá continuar. Como os mártires da história da Igreja, seu sangue será verdadeira semente e a colheita não será pequena. Não devemos esmorecer, pois tenho certeza que não é esse espírito que ela gostaria que sua vida e sua morte suscitasse.


Ela partiu fazendo o que mais gostava. Foi uma perda, mas devemos fazer com que essa lacuna seja preenchida o mais rápido possível. Quem sabe você que lê essas despretenciosas linhas não seja tocado por seu exemplo e a partir de agora não comece a fazer alguma coisa em a favor de seu próximo?



Adeus Zilda Arns, que suas “obras lhe acompanhem”.


(Antes que me chamem de pelagiano, “Soli Deo Gloria!”)


Cristãos e Bebidas Alcoólicas: Abstêmios e Temperantes


Diante da veiculação em nossa página e lista do excelente artigo do Rev. Flávio Adair intitulado 'Legalismo ou Coerência' sobre a relação dos cristãos e as bebidas alcoólicas, esclarecemos que:



1) Os evangélicos se dividem, quanto ao tema, em duas correntes: a) os abstêmios; b) os temperantes;



2) Há denominações que optam formalmente por uma ou outra dessas correntes, em seu aspecto docente e disciplinar; há denominações que não tomaram uma opção formal, mantendo o tema dentro da lista de 'adiáforos', como uma cláusula de consciência, convivendo, em seu interior, ambas as correntes. A Comunhão Anglicana, suas Províncias e Dioceses se situam nesse último grupo;



3) Abstêmios e Temperantes concordam com a condenação do vício, da embriaguez, do consumo por menores, da propaganda, e com os riscos à saúde individual e saúde e a segurança pública, bem como das tragédias sociais decorrentes dessa dependência química, particularmente na família;



4) O texto veiculado pelo Rev. Flávio Adair representa – com propriedade e conteúdo – a posição pró-abstinência;



5) Os Temperantes, por seu lado, chamam a atenção para a realização do primeiro milagre do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, na forma da multiplicação de vinho de qualidade, e que esse consumo fazia parte do cardápio gastronômico da Palestina na época, e em outras culturas anteriores e posteriores aos tempos apostólicos, especialmente em climas frios e de necessidades calóricas, bem como o uso ininterrupto do vinho na Santa Ceia dos tempos apostólicos até 1855 (quando o suco de uva foi usado pela primeira vez, pelos metodistas, no Oeste dos EUA), e que há uma relação entre esse uso moderado alimentar e a redução de certas cardiopatias, segundo escolas médicas. Pesquisas têm indicado dados de herança genética no alcoolismo, e que há maiores propensões para o alcoolismo entre filhos de alcoólatras ou de abstêmios do que de temperantes. Reconhecem, ainda, que a autodisciplina da temperança uma maturidade além do que é exigido pela opção pela abstinência ou por normas eclesiásticas que a exijam.



A Diocese do Recife, como afirma em um dos seus documentos doutrinários, procura fomentar a ética, a disciplina e a santidade, o que implica na necessidade de colocarmos o tema, com prioridade, em nosso trabalho pastoral, bem como a liberdade de expressão nos assuntos adiáforos, visando, em última análise, a maturidade dos seus membros, com discernimento, e a colaboração para o bem-comum da Igreja e da sociedade, em uma atmosfera de respeito mútuo e amor fraterno.

Paripueira (AL), 12 de janeiro de 2010.

Anno Domini.



+Dom Robinson Cavalcanti, ose

Bispo Diocesano

Legalismo ou Coerência?


“Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual é a vontade do Senhor”

Ef 5:17

Rev. Flávio Adair (¬)



Quero começar preparando o leitor de que tratarei de um assunto que em nosso meio causa discussão, mas quase sempre termina com indefinição: Abstinência de bebidas alcoólicas é legalismo ou coerência?



Para nós cristãos, legalismo está relacionado ao uso e abuso das Escrituras (ou não) para ditar regras de procedimento para o crente a fim de que este venha obter sua salvação ou no mínimo demonstrar maior espiritualidade. Normalmente pessoas que se utilizam destes abusos, distorcem a Palavra de Deus por desconhecimento ou como forma de manipular os outros e, assim, contrariam a liberdade e salvação que nos foi garantida única e exclusivamente pelo sacrifício de Jesus Cristo.



A coerência pode ser dita como a relação harmônica entre situações, acontecimentos ou ideias, ou seja, ligação, conexão ou lógica entre ideias.



Para nós cristãos, não existe coerência entre legalismo e a nova vida em Cristo Jesus, “estais, pois, firme na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos no jugo da servidão” (Gl 5:1)



Por outro lado, não é incomum presenciarmos pessoas defendendo o uso do álcool como algo inofensivo e sem consequências no meio espiritual.



Quero dizer que não ignoro que existem muitas pessoas que podem ingerir álcool sem se tornar escravos do mesmo, sei também que a Bíblia não condena diretamente a ingestão de bebidas alcoólicas e, sim, o seu uso abusivo; sei que em alguns casos foi recomendado o uso do vinho com efeitos terapêuticos, assim com alguns médicos, contestados por outros, recomendam uma dose diária de whisky para alguns de seus pacientes.



Não quero entrar em trocas de versículos, utilizando-os para recomendar a abstinência alcoólica, apesar de encontrar na Bíblia suficientemente textos para isto.



Quero sim, dizer que, ao mesmo tempo em que sou contra o legalismo que escraviza, e a favor da liberdade em Cristo Jesus, sou a favor do ensino coerente com o Evangelho, a Boa notícia que pretende trazer vida e vida em abundância.



Ao contrário do legalismo que se contradiz com o Evangelho da salvação, coerência é uma exigência para todo o crente e especialmente para pastores e, por isso, quero perguntar: Onde está a prática da conhecida frase: “católicos para toda a verdade de Deus e protestantes contra todo o erro humano”?



O álcool está sendo combatido pelo estado laico como grande causa de males sociais, fazendo parte das “drogas lícitas” que mais causam dependência, superando a maconha, cocaína, LSD e o crack, segundo lugar nas estatísticas de causa de mortes (direta e indiretamente) superando o câncer e a AIDS, grande inimigo dos adolescentes que começam a ingerir bebidas alcoólicas na faixa etária entre 12 e 13 anos e, muitas destas, são levadas a prostituição .



Se ingerido por longo período, tem efeito corrosivo sobre os órgãos, como fígado e pâncreas causando a cirrose. Tem efeitos devastadores sobre o Sistema Nervoso Central, causando diminuição dos sentidos, prejudicando a coordenação motora. O uso e abuso do álcool tiram a razão do indivíduo, levando-o, muitas vezes, a cometer crimes.



Fatores agravantes e que devem ser levados em conta especialmente por nós pastores, são: a situação social, econômica e emocional. Quem já teve oportunidade de acompanhar indivíduos e até famílias inteiras destruídas por este mal, sabe muito bem o que estou falando.



O Código Nacional de Trânsito diz que duas latas de cerveja, dois copos de vinho ou uma dose de bebida destilada significa estado de embriaguez. Será que simplesmente sortearam este numero? E, sendo verdade, como fica ao crente que ultrapassa essas medidas a frase “não vos embriagueis com vinho..,, mas enchei-vos do Espírito Santo” Ef 5:18 é legalismo ou coerência?



Usar a cultura étnica ou regional para defender o uso do álcool também não é coerente com o Evangelho, pois teríamos muita dificuldade inclusive em combater o legalismo.



Eu mesmo, como descendente de italianos e alemães, tomei meu primeiro porre de vinho aos nove anos de idade e, mesmo passando dois meses sem poder sentir o cheiro de vinho, fui visto por meus colegas como “homem”.



O álcool destrói física, emocional e espiritualmente homens, mulheres e crianças. Qual a coerência com o Evangelho?



Poderia escrever um livro a este respeito, montar sites, desenvolver campanhas, carregadas de números autênticos, testemunhos verídicos, e exemplos sem fim, mas acredito que pessoas especializadas e autoridades já o têm feito com mais propriedade do que eu; gostaria apenas de chamar a atenção da Igreja para um discurso coerente com a vida que Jesus Cristo espera de nós.



Quando iniciei meus estudos no Seminário Batista, ouvi de um professor a seguinte pergunta: “na sua igreja as pessoas fumam e bebem não é?”. E eu como anglicano que crê na Obra do Espírito Santo respondi: “correção professor, na minha igreja sempre tem pessoas que ainda fumam e que ainda bebem, na sua não?



Desde o começo, nunca achei que beber, fumar, mentira, adultério e etc., fossem motivos para exclusão ou sequer acepção de pessoas, mas sempre foram, para mim, alvo de pregação e ensino contra sua práticas, não por legalismo, mas por coerência com os ensinos do Senhor de uma vida saudável, espiritual, emocional e física.



Evangelho para todo o homem está coerente com Evangelho para o homem todo, não?



Durante anos temos levado centenas de homens ao encontro com Jesus Cristo através do Cursilho de Cristandade. Ali tenho presenciado seres perdidos, depravados, insensíveis ao mundo e às suas próprias famílias serem renovados pelo Espírito Santo de Deus (eu sou um). Tenho visto homens pobres e ricos, desconhecidos e influentes na sociedade, colocarem-se de joelhos, entregando suas vidas a Cristo e decidindo fazer tudo novo.



Mas, durante anos, tenho ouvido homens testemunharem que em suas decúrias, escutam que não é problema nenhum a ingestão de bebidas alcoólicas para o crente. O problema maior para mim não é exatamente esta afirmação que pode ser vista e dita de várias formas, assim como sua interpretação. O problema é que não me recordo de nenhum estudo de decúrias que tratem deste assunto e me pergunto: Por que ele está sempre presente em pelo menos uma decúria por Cursilho e, às vezes, levantado por líderes?



Onde está a coerência com o “torna-te padrão” que Paulo exorta a Timóteo?



Sabemos que muitos não perseveram por questões pessoais, mas outros se afastam porque sendo “normal” não conseguiram se afastar dos bares e abandonaram a decúria, outros não querendo sequer testar sua capacidade de superação contra o álcool decidiram por outras igrejas em que a ingestão alcoólica não é proibida, pelo menos não é incentivada; quanto a estes, glória a Deus, mas, e quanto aos outros? Estamos preparados para responder ao Senhor coerentemente?



Quero ainda lembrar que é impossível aos olhos humanos determinar quem está predisposto ao alcoolismo, quando alguém de fato se tornará de um potencial alcoólatra em um alcoólatra compulsivo. Quem nunca foi, deveria ir à uma reunião de Alcoólicos Anônimos, algumas acontecem em Igrejas anglicanas, outras ao nosso lado, não é difícil encontrar e, como já disse, a literatura a esse respeito também é farta.



Neste assunto tão polêmico e cheio de argumentos, recorro a Paulo que falando da liberdade dos cristãos exorta-nos para que esta mesma liberdade não se torne motivo de tropeço para outros e que nosso conhecimento (ou maturidade espiritual) não destrua o mais fraco, pois isto se torna imediatamente pecado contra esse irmão e contra Cristo.



Se Paulo naquele contexto afirma “é por isso que, se a comida fizer meu irmão tropeçar, nunca mais comerei carne, para não lhe servir de tropeço” 1 Co 8:13, eu, em nosso contexto, afirmo: Se beber fizer meu irmão tropeçar, prefiro não defender a ingestão de bebidas alcoólicas.



Não por legalismo, mas por coerência!



Que o Senhor nos abençoe e tenha misericórdia de nós.



¬ Rev. Flávio Adair Torres Soares é Presbítero na Diocese do Recife; Pároco da Paróquia Anglicana Cristo Libertador, em Valentina, João Pessoa-PB, no Arcediagado PB/RN.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Bispo Gay Casa Pastora Lésbica


O primeiro Bispo a ser sagrado na condição de homossexual praticante, V. Gene Robinson, da Diocese de New Hampshire, da Igreja Episcopal (TEC) dos Estados Unidos, realizou no último dia 02.01 o primeiro casamento de pessoas do mesmo sexo, depois da entrada da nova Lei em vigor naquele Estado norte-americano no dia anterior. New Hampshire seguiu Connecticut, Vermont, Massachussets e Iowa com esse tipo de legislação.



As "noivas" foram a ministra (pastora) episcopal aposentada Revda. Eleonor McLaughlin, doutora em História Medieval pela Universidade de Harvard, e Elizabeth Hess, uma psicóloga clínica com doutorado na Universidade de Montana. A Revda. Hess havia sido Deã da Paróquia de St. Barnaba's, quando já vivia, com o apoio do seu bispo de então, o Revmo. Douglas Theuner, com a sua parceira, e foi sucedida naquela paróquia por um reverendo também gay. As "noivas" haviam se casado na véspera no Civil, diante do Tabelião e do Juiz de Paz.



No sermão, o Bispo Gene Robinson falou de que, ao contrário dos tempos coloniais, não é o Estado obrigado a seguir a moral ditada pela Igreja, mas pela sociedade, que Deus crê no amor, e que bem-aventurados são os perseguidos, além de enfatizar o valor do casamento como companheirismo. Após o juramento e a troca das alianças, o Bispo, que considerou aquele um "dia santo" as abençoou e celebrou o Rito Eucarístico para uma congregação de cerca de 100 pessoas, que aplaudiu várias vezes a cerimônia.



Fatos como esse, que contrariam as deliberações dos Instrumentos de Unidade (Conferência de Lambeth, Encontro dos Primazes e Conselho Consultivo) tornam cada vez mais agudas as diferenças e as rupturas, tidas como irreversíveis, no interior da Comunhão Anglicana, de maioria teologicamente conservadora, e levou a criação, em junho último, de uma Província anglicana doutrinariamente ortodoxa naquele país, denominada de Igreja Anglicana na América do Norte (ACNA), com quem a Diocese do Recife mantém comunhão.



Fonte: Anglican-Mainstream.net

sábado, 2 de janeiro de 2010

Mário Soares alerta para "falsas religiões" em Portugal


"Testemunhas de Jeová são coisas do tipo comercial", disse o antigo Presidente no 5º Fórum Interdisciplinar de Professores, em Braga.


Mário Soares, presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, alertou para a existência em Portugal de "religiões que não são religiões, mas sim seitas", referindo "as Testemunhas de Jeová, que me afligem muito, porque são coisas do tipo comercial, mais do que religioso".

Falando em Braga a título pessoal e nunca enquanto presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, o antigo Presidente da República salientou que "as pobres das pessoas não percebem, mas está é que é a verdade, as pessoas perdem muito dinheiro com essas seitas".

Mário Soares falava sobre a religião nas sociedades contemporâneas durante o 5º Fórum Interdisciplinar de Professores, na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica, a convite da Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga.

Invasão de 'religiões'

"A invasão de 'religiões' verifica-se sobretudo através da imigração brasileira vêm essas 'confissões' e muitas outras coisas", afirmou o antigo secretário-geral do Partido Socialista, acrescentando que "os protestantes evangélicos são muito fanatizados".

Mário Soares considera "mau" e "de mau gosto" a colocação de minaretes em templos religiosos islâmicos, "como em Portugal parece que vai acontecer", porque "é uma questão de bom senso".

Soares afirmou que "em hospitais e sobretudo em escolas, que são laicas, não é correcto que estejam símbolos religiosos, mas nas escolas e hospitais privados, ninguém tem nada a ver com isso e põem os símbolos que quiserem".

"D. António Ribeiro concedeu-me audiências secretas"

Mário Soares revelou em Braga que durante o PREC (Processo Revolucionário em Curso) que se seguiu ao 25 de Abril e 1974, o então cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, concedeu-lhe audiências secretas, nunca na sede do Patriarcado de Lisboa, mas num convento próximo do Chiado".

"No momento mais difícil do PREC, o senhor patriarca ajudou-nos, eu pedi-lhe várias audiências e tive algumas, parte delas secretas", disse Soares, destacando que "ele prestou-nos grandes serviços" a nível da estabilização do país. Uma das ajudas foi "ter dado ordem aos católicos para naquela célebre manifestação [a da Alameda, em Lisboa] comparecerem em força e isso foi de extrema importância".

Amizade intensificada em assalto

"A nossa amizade começou quando por insistência minha eu o então primeiro-ministro, Adelino da Palma Carlos, apresentamos cumprimentos ao cardeal-patriarca, mas "a amizade intensificou quando tentaram assaltar o Patriarcado de Lisboa e além de alertar os mais altos representantes do Estado promovi uma manifestação a favor do Patriarcado, contra essa ideia do assalto, que era a pior coisa que nos poderia acontecer, seria uma coisa trágica e de uma inconsciência incompleta, que se conseguiu evitar".

D. António Ribeiro teve depois "um amuo comigo", aquando de um congresso do PS, em que eu me distraí meia hora quando fui fumar um cigarro e foi aprovada a ideia de avançar para a lei do aborto", disse Mário Soares, explicando que "ainda tentei evitar a aprovação da moção, mas já não consegui apaziguar tal confusão e votaram a favor da liberalização do aborto".

A zanga de D. António Ribeiro com Mário Soares durou até que o secretário de Estado do Vaticano, Agostinho Casaroli, numa visita a Portugal, apertou as mãos de ambos no final de um jantar oferecido pelo então primeiro-ministro.

Fonte: Expresso

http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/553299